segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Possibilidades de critérios de rateio

Possibilidades de critérios de rateio
Por Yumara Lúcia Vasconcelos

Os custos indiretos têm grande participação na estrutura de custos da maioria das empresas, o que requer a adoção da técnica de rateio, ou outra mais apurada de distribuição de custos (rastreamento por meio do uso de métodos quantitativos).
O rateio pode se dar de diferentes formas. Por meio:
* de uma relação de causa e efeito entre o item de custo e a base escolhida (fator de influência);
*dos benefícios recebidos pelo objeto de custos;
* da negociação entre as partes (setores ou profissionais da área de custos da organização);
*da capacidade do objeto em suportar os custos.
Quando o rateio toma por base na relação de causa-efeito entre o custo e a variável causadora, o fator de rateio será aquele que provoca o custo, ou seja, que a ele dá origem, apresentando, portanto, alto grau de correlação. Esta relação é largamente aplicada para alocação dos custos indiretos variáveis.
Quando o rateio se baseia nos ‘benefícios recebidos’, o objeto (departamento ou produto) que receberá mais custos será aquele que mais se beneficiar daquele custo. Neste caso, a correlação do item de custo é com a atividade, mas sem correlação com as variações. Esse critério é mais empregado para a alocação dos custos indiretos fixos. O exemplo clássico é o rateio do aluguel de fábrica com base na área ocupada.
Quando o rateio é estabelecido com base na negociação entre as partes envolvidas (áreas funcionais, profissionais da área de custos), significa que o ‘acordo’ predomina em detrimento da ‘técnica’. É usado para os diferentes tipos de custos.
Quando o rateio é feito com base na capacidade do objeto em absorver os custos, significa que a performance do objeto (departamento ou produto) predomina sobre a ‘técnica’. Por exemplo, quanto maior for a margem de um departamento ou produto, maior será a parcela dos custos indiretos de fabricação que ele receberá.
Como se vê, temos uma diversidade de possibilidades de critérios de alocação, o que torna o processo de rateio subjetivo e impreciso.

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Análise dos métodos de custeio


Análise dos métodos de custeio


Serão apresentadas neste artigo as principais críticas apontadas para os métodos de custeio, variável e por absorção.
Conheçamos alguns dos pontos positivos do custeio por absorção:
-permite que a fixação do preço de venda seja mais realista porque contempla a totalidade dos custos unitários dos produtos;
-toma por base os princípios contábeis;
-é o método aceito pelo Fisco;
-proporciona análises de liquidez mais precisas, porque traz no estoque todos os gastos incorridos para geração do estoque de produtos acabados.
As principais críticas são:
-o preço de venda em situações específicas pode distar do preço suportado ou aceito pelo mercado;
-utiliza para alocação ou distribuição dos custos indiretos de fabricação (CIF) o critério de rateio, que nem sempre se baseia em relações causuais. Essa característica introduz uma dose prejudicial de arbitrariedade à distribuição dos custos;
-em razão da prática do rateio, decisões específicas têm sua análise dificultada, principalmente àquelas relacionadas ao desempenho por produto. Por esse motivo é comum escutarmos que este método não proporciona informações suficientemente precisas para o processo decisório, especialmente àquelas associadas aos dados CUSTO, VOLUME e LUCRO.
-os custos dos produtos não podem ser comparados em decorrência da subjetividade dos critérios de rateio;
-como o custeio emprega a técnica de rateio, o trabalho administrativo é maior. A prática de rateio dificulta a fixação de padrões mais realistas e torna mais difícil o controle orçamentário.
Na verdade, parte significativa das críticas dirigidas ao custeio por absorção está atrelada ao rateio.
Conheçamos alguns dos pontos positivos do custeio variável:
-o custeio marginal apropria aos produtos (bens ou serviços) somente os custos variáveis, o que permite uma visão particular do desempenho de produção;
enseja a rápida apuração da margem de contribuição, conceito importante na prática decisória;
-é um tipo de custeio mais voltado para o exercício gerencial porque permite a visualização da performance de cada produto:
RECEITA DE VENDAS
(-) CUSTO VARIÁVEL TOTAL
= MARGEM DE CONTRIBUIÇÃO TOTAL
-permite a comparação do resultado entre os produtos quando ocorrer variações de volume;
-não utiliza o critério de rateio, facilitando o processo de apuração de resultado;
-fortalece o controle dos custos, especialmente os fixos;
-facilita a fixação de padrões mais realistas e, conseqüentemente, seu acompanhamento;
-o lucro varia conforme o volume de produção e vendas.
As principais desvantagens de aplicação são:
-não aderência aos princípios contábeis;
-não inclusão dos custos fixos na determinação do preço de venda;
-dependência de uma classificação adequada dos custos em fixos e variáveis, o que nem sempre é possível;
-apresenta dificuldade à análise de liquidez e do capital circulante líquido (ATIVO CIRCULANTE – PASSIVO CIRCULANTE);
-não é aceito pelo Fisco, apesar de gerencialmente útil;
-o lucro varia em sintonia com as vendas.

Os custos variáveis são os únicos a incorporarem o custo dos produtos vendidos, enquanto os fixos são levados ao resultado. Com isso, o lucro, comparativamente ao obtido pelo custeio por absorção é menor. Vale lembrar que o CPV – Custo dos Produtos Vendidos, no custeio por absorção é maior que àquele no custeio variável, considerando o mesmo preço de venda, custos e volume de produção e vendas.
A figura 1 ilustra os efeitos da escolha do método de custeio sobre a tributação.


Figura 1 – Custeio e tributação
Fonte: a autora.


A liquidez corrente é uma medida que afere a capacidade de pagamento de uma empresa. Corresponde à relação entre ATIVO CIRCULANTE e PASSIVO CIRCULANTE.
No custeio por absorção, o estoque é maior que àquele no custeio variável por uma simples razão: os custos fixos não são levados ao estoque (acumulados).
Com isso, a liquidez corrente quando aplicado o custeio variável é menor e àquela calculada, no custeio por absorção, maior. A liquidez corrente varia em função do método de custeio e não em função da capacidade real de pagamento, o que prejudica a informação.