terça-feira, 7 de abril de 2009

Custeio baseado em atividades – ABC: aspectos introdutórios

Custeio baseado em atividades – ABC: aspectos introdutórios

Por Yumara Lúcia Vasconcelos

O custeio baseado em atividades é também denominado de ABC, que significa Activity Based Costing.
Trata-se de uma método de custeio que tem o propósito de diminuir, ou seja, amenizar as distorções geradas pelos rateios arbitrários dos custos indiretos, àqueles excessivamente subjetivos.
Na verdade, o ABC se aplica tanto aos custos diretos quanto aos indiretos. A idéia é reduzir as distorções que marcam as práticas de rateio.

“O custeio Baseado em Atividades, ou Activity Based Costing, é um método de custeio baseado na análise das atividades significativas desenvolvidas na empresa. Visa a eliminar as limitações impostas pelos métodos tradicionais de custeio (custeio por absorção), criados numa época em que a mão-de-obra direta era parcela mais significativa na estrutura dos custos dos produtos.”(CARDOSO et al, p.97,2007)

Mas, como aplicar o ABC?
Inicialmente são identificadas as atividades relevantes. Todas as atividades devem ser mapeadas tal como acontecem, para posterior análise.
Como as atividades são produto da combinação de pessoas, materiais, tecnologia e outros recursos (especialmente financeiros), todas as informações relativas à execução dessas atividades devem ser levantadas.
Após esse apanhamento, atribuem-se custos às atividades. Quanto custa para a empresa a atividade X?
Durante o processo de análise se pode chegar a conclusão que algumas atividades são desnecessárias, ou seja, que não agregam valor. A análise das atividades relevantes pode catalisar uma verdadeira reengenharia de processos.
Quando as atividades relevantes são identificadas devem-se buscar imediatamente seus direcionadores de recursos e custos.
Um direcionador de custos é aquele que causa, direciona o custo de determinada atividade. Analisemos o quadro 1.

QUADRO 1 – DEFINIÇÃO DOS DIRECIONADORES DE CUSTOS



Fonte: (MARTINS, p. 107, 2001)


A idéia é simples: a atividade de compras é motivada pelo recebimento de pedidos (demanda interna), ou seja, pela necessidade. Então, obedecendo a esta lógica o número de pedidos pode ser um direcionador de custos.
A escolha dos direcionadores deve ser norteada pelos seguintes critérios:
• relação causal;
• benefícios recebidos;
• razoabilidade (‘justiça’).

A escolha do direcionador com base na relação causal é sempre desejável, mas esta relação nem sempre é tão visível. Esta ‘dificuldade’ é que dá espaço aos demais critérios.

“O objetivo principal do ABC é a alocação racional dos gastos indiretos aos bens e serviços produzidos, proporcionando um controle mais apurado dos gastos da empresa e melhor suporte nas decisões gerenciais”.(CARDOSO et al, p.97,2007)

Martins (p. 102, 2001) nos orienta que:

“A atribuição de custos às atividades deve ser feita de forma mais criteriosa possível, de acordo com a seguinte ordem de prioridade:
-alocação direta;
-rastreamento; e
-rateio.”

A alocação direta é feita quando existe uma relação direta e objetiva dos itens e custos e as respectivas atividades.
O rastreamento é feito quando a alocação se baseia na relação de causa e efeito. O que determina a ocorrência da atividade?
O rateio é a última alternativa. Deve ser realizado quando inexiste a possibilidade de alocação direta ou de rastreamento.
A atribuição dos custos à atividade se baseia na correlação entre as atividades e o item de custo. É feita multiplicando-se o custo da atividade pela quantidade do direcionador consumido ou utilizado pelo produto. Exemplo:

Custo da atividade ‘compra’ x quantidade de pedidos para aquele produto

O emprego do ABC não elimina de todo a subjetividade do rateio, pois alguns custos continuam sendo distribuídos por essa técnica.
Martins (p. 84, 2001) nos comunica em relação ao rateio que:

“Todas essas formas de distribuição contém, em menor ou maior grau, certo subjetivismo; portanto, a arbitrariedade sempre vai existir nessas alocações, sendo que às vezes ela existirá em nível bastante aceitável, e em outras oportunidades só a aceitaremos por não haver alternativas melhores.”

Uma contribuição interessante desse modo de custeio é a adoção do conceito de centro de atividades, o que é lógico uma vez que os custos existem em função das atividades e não dos departamentos.
A última fase do ABC é o custeio dos produtos.
No custeio por atividades, os custos são inicialmente atribuídos às atividades para posteriormente, serem relacioná-os aos produtos, segundo ilustra a figura 1.
O critério é o consumo das atividades pelos respectivos produtos.

FIGURA 1 – FASES DO CUSTEIO ABC



Fonte: a autora.

O maior benefício do ABC é a melhor leitura e visualização dos custos, desta vez, sob o ângulo das atividades que compõem os processos.

“O custeio baseado em atividades baseia-se no conceito de que produtos consomem atividades e atividades consomem recursos.”(MAHER, P.280, 2001)

O custeio ABC, ao contrário do que muitos pensam, não representa uma extensão do custeio departamental, posto que toma por base as atividades, independentemente das fronteiras funcionais. Comunica informações relevantes à administração, ressaltando as atividades que de fato agregam valor.


REFERÊNCIAS

CARDOSO, Ricardo Lopes et al. Contabilidade Gerencial. São Paulo: Atlas, 2007.
MARTINS, Eliseu. Contabilidade de custos. São Paulo: Atlas, 2001.
MAHER, Michael. Contabilidade de custos: criando valor para a administração. São Paulo: Atlas, 2001.

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